sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Salmo 16 – O Santo de DEUS

Este salmo como muitos outros também é Messiânico "Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam" (Jo 5:39). Ou seja, as Escrituras, ou o que chamamos de Velho Testamento fazem referência a Cristo.

Ao lermos os salmos devemos ter em mente estes dois aspectos evidenciados pelo apóstolo Pedro: considerar que os salmistas eram profetas e que os salmos são profecias fará com que tenhamos uma leitura profícua e uma interpretação segura.

Salmo 16

1 Guarda-me, ó Deus, porque em ti me refugio.
2 Digo ao Senhor: Tu és o meu Senhor; além de ti não tenho outro bem.
3 Quanto aos santos que estão na terra, eles são os ilustres nos quais está todo o meu prazer.
4 Aqueles que escolhem a outros deuses terão as suas dores multiplicadas; eu não oferecerei as suas libações de sangue, nem tomarei os seus nomes nos meus lábios.
5 Tu, Senhor, és a porção da minha herança e do meu cálice; tu és o sustentáculo do meu quinhão.
6 As sortes me caíram em lugares deliciosos; sim, coube-me uma formosa herança.
7 Bendigo ao Senhor que me aconselha; até os meus rins me ensinam de noite.
8 Tenho posto o Senhor continuamente diante de mim; porquanto ele está à minha mão direita, não serei abalado.
9 Porquanto está alegre o meu coração e se regozija a minha alma; também a minha carne habitará em segurança.
10 Pois não deixarás a minha alma no Seol, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção.
11 Tu me farás conhecer a vereda da vida; na tua presença há plenitude de alegria; à tua mão direita há delícias perpetuamente.

Entendemos que as Escrituras fazem referência à pessoa de Cristo por ele mesmo ter anunciado este aspecto pertinente ao Antigo Testamento. Pedro declarou que o salmo dezesseis refere-se a Cristo:

Atos 2.25-31
25 Porque dele disse Davi: Sempre via diante de mim o Senhor, Porque está à minha direita, para que eu não seja comovido;
26 Por isso se alegrou o meu coração, e a minha língua exultou; E ainda a minha carne há de repousar em esperança;
27 Pois não deixarás a minha alma no inferno, Nem permitirás que o teu Santo veja a corrupção;
28 Fizeste-me conhecidos os caminhos da vida; Com a tua face me encherás de júbilo.
29 Homens irmãos, seja-me lícito dizer-vos livremente acerca do patriarca Davi, que ele morreu e foi sepultado, e entre nós está até hoje a sua sepultura.
30 Sendo, pois, ele profeta, e sabendo que Deus lhe havia prometido com juramento que do fruto de seus lombos, segundo a carne, levantaria o Cristo, para o assentar sobre o seu trono,
31 Nesta previsão, disse da ressurreição de Cristo, que a sua alma não foi deixada no inferno, nem a sua carne viu a corrupção.

Pedro chegou a conclusão de que este salmo faz referência a pessoa de Cristo ao considerar duas coisas:
Davi era profeta e o salmo é uma profecia

a) Davi era profeta ( At 2:30 ), e;
Atos 2.30

30 Sendo, pois, ele profeta, e sabendo que Deus lhe havia prometido com juramento que do fruto de seus lombos, segundo a carne, levantaria o Cristo, para o assentar sobre o seu trono,

b) o salmo é uma previsão, ou melhor, uma profecia ( At 2:31 ).
Atos 2.31

31 Nesta previsão, disse da ressurreição de Cristo, que a sua alma não foi deixada no inferno, nem a sua carne viu a corrupção.

Ao lermos os salmos devemos ter em mente estes dois aspectos evidenciados pelo apóstolo Pedro. Considera que os salmistas eram profetas e que os salmos são profecias, fará com que tenhamos uma leitura profícua e uma interpretação segura.

O salmista Davi ao escrever este salmo tinha sobre si o Espírito de Deus que o fez profetizar deixando registrado sentimentos e aspectos que não dizem de sua própria pessoa. Ele conseguiu pelo Espírito Eterno fazer conhecido quais seriam os sentimentos de Cristo quando estivesse entre os homens.

Cristo confiou e refugiou-se em Deus. Sendo ele autor e consumador da fé, andou por fé entre os homens. Ele confiou no Pai conforme o testemunho das Escrituras. O que Deus exige dos homens, Cristo realizou. Aprendeu a obediência ( Hb 5:8 - Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu.), ao viver por fé.

Um escravo não tinha propriedade e a única possessão, por assim dizer, que um escravo detinha era o 'seu' Senhor. Da mesma forma quando Cristo assumiu a condição de servo submeteu-se completamente a vontade do Pai. Este salmo apresenta a realidade de um servo: Cristo como servo não teve possessão neste mundo, antes o Senhor Deus foi a sua única 'possessão'. Por isso a expressão "meu" Senhor, ou o complemento: "Não tenho outro bem além de ti" (v. 2) (Lc 22:42 - Dizendo: Pai, se queres, passa de mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a tua.).

Somente o que pertence ao Senhor proporciona prazer Aquele que assumiu a condição de Servo. Ser santo é ser separado para uso exclusivo de Deus. Os santos que estão sobre a face da terra foram separados como propriedade exclusiva de Deus, e tão somente eles são o deleite de Cristo (v. 3). Cristo como Servo alegra-se com a possessão do Pai: os santos.

De igual forma que Cristo, os escravos, por não terem posses, se alegravam com o que os seus senhores possuíam e adquiriam. Os santos por pertencerem a Deus (propriedades), são a alegria do Servo do Senhor.

O que diferencia aqueles que servem a outros deuses daqueles que seguem ao Senhor? Aqueles que seguem após o Senhor, são separados como propriedade e para serviço do Senhor e são nomeados santos! Já aqueles que correm após outros deuses, multiplicarão as suas dores, pois simplesmente entesouram ira para si ( Sl 17:14 - Dos homens com a tua mão, Senhor, dos homens do mundo, cuja porção está nesta vida, e cujo ventre enches do teu tesouro oculto. Estão fartos de filhos e dão os seus sobejos às suas crianças.).

As ações dos que servem ao Senhor não será conforme as ações daqueles que seguem após outros deuses, e Cristo jamais pronunciará os seus nomes. Cristo não guarda qualquer relação com aqueles que seguem após outros deuses (v. 4).

O versículo cinco conclui o pensamento exposto do versículo um ao quatro: "O Senhor é a porção da minha herança e do meu cálice; tu és o sustentáculo da minha sorte" (v. 5).

Utilizando o paralelismo de idéias, o que é próprio à poesia hebraica, verificamos que o Servo do Senhor não possui bens, a não ser o 'seu' Senhor (v. 2), e que Ele se alegra com o fato do seu Senhor ter uma possessão em especial: os santos (v. 3). Entretanto, o versículo cinco demonstra que o Servo do Senhor tem direito a uma herança. É próprio dos servos terem direito a uma herança? Não! Não há como um servo adquirir herança para si, por mais que se empenhe em satisfazer a vontade do seu Senhor.

Como é possível a Cristo ter direito a um possessão sendo servo? (v. 5 compare com v. 2). Paulo pode auxiliar na compreensão deste mister: "Digo que todo o tempo que o herdeiro é menino em nada difere do escravo, ainda que seja senhor de tudo. - Ele está debaixo de tutores e curadores até o tempo determinado pelo pai" ( Gl 4:1 -2).

Em um primeiro momento o salmo demonstra um servo que não possui bens, e em seguida apresenta um servo 'herdeiro'. Como explicar isto? O salmo apresenta Cristo na condição de Servo, porém, no tempo determinado pelo Pai ele haveria de tomar posse da herança, visto que ele é Senhor de tudo.

Cristo, na condição de servo, tinha um tempo determinado antes de herdar todas as coisas, e estava aprendendo a obediência por tudo quanto estava passando entre os homens (tutor) "Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu" ( Hb 5:8 ).

Como Cristo confiou e refugiou-se em Deus na condição de Servo, Deus susteve a sorte de Cristo. Desta maneira a posição de Senhor se constituí a herança que Cristo herdou (v. 5).

A condição de Senhor é a exata porção da herança que Cristo haveria de herdar ao assentar-se à destra de Deus (v. 11); a exata medida que coube a Cristo (porção) por ter confiado e refugiado em Deus quando na condição de Servo é a posição (herança) de Senhor.

O próprio Senhor DEUS é garantia de que o seu Cristo receberia a condição de Senhor "Tu és o sustentáculo da minha sorte" (v. 5). O Servo do Senhor refugiou-se em confiar naquele que haveria de conceder 'aquela glória' que ele tinha antes que houvesse mundo "E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse" ( Jo 17:5 ).

Quando o salmo diz que 'o Senhor é a porção da minha herança', não diz de um prêmio, e sim que a posição de Senhor é a própria medida (porção) da herança de Cristo "... na tua destra delícias perpétuas" (v. 11). Aquele que confiou no seu Senhor na condição de Servo, agora, como Filho, recebe a sua herança conforme o estipulado por um decreto eterno: "Tu és o meu Filho, eu hoje te gerei. Pede-me, e eu te darei as nações por herança, e os fins da terra por tua possessão" ( Sl 2:8 ) ; (v. 6).

Cristo é o único que na condição de Servo foi capaz de produzir louvores a Deus (v. 7) "Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que me deste a fazer" ( Sl 17:4 ). O 'louvarei' estipulado no versículo sete não diz de cânticos entoados, mas sim da obra que foi dada a Cristo realizar e consumar entre os homens.

Todos os homens que nascem de Deus se constituem em louvor a glória e graça de Deus ( Ef 1:12 - Com o fim de sermos para louvor da sua glória, nós os que primeiro esperamos em Cristo; ), pois a nova criação em Cristo é uma obra exclusiva de Deus. Esta obra se constitui em perfeito louvor a Deus. Esta é a verdadeira adoração exigida por Deus: "Deus é Espírito, e importa que os que o adoram O adorem em espírito e em verdade" ( Jo 4:24 ).

Se o homem não nascer de novo (o novo nascimento é uma obra exclusiva de Deus), jamais poderá louvar a Deus na beleza da sua santidade, pois somente a obra realizada pelo Criador pode louvar-lhe.

Há uma pequena variação no vocábulo empregada nos salmos e a linguagem utilizada por Pedro:

"Tenho posto o Senhor continuamente diante de mim. Porque ele está à minha mão direita, não serei abalado" ( Sl 16:8 ).
"Sempre via diante de mim o Senhor, Porque está à minha direita, para que eu não seja comovido" ( At 2:25 ).

O que há de diferente entre a abordagem de Pedro no N. T. e o das Escrituras (V. T.) é o vocábulo, porém a idéia permanece intacta. Este é o maior benefício da poesia hebraica: mesmo quando há variação de vocábulos, a idéia permanece.

A variação entre a citação de Pedro e o que está registrado nos salmos não depõe contra a bíblia. Antes demonstra que a inerrância bíblica é quanto às idéias que são expostas, e não quanto às traduções que a cada dia se avolumam. A idéia bíblica não depende única e exclusivamente de uma tradução 'ipsis literis'. (da mesma grafia, mesmas letras)

As diferenças de vocábulos entre o Antigo Testamento e as citações que os autores do Novo testamento fizeram pode ter ocorrido por utilizarem traduções diferentes, ou por simplesmente terem registrado o que haviam decorado nas sinagogas. Apesar das discrepâncias entre algumas traduções, o que lemos na bíblia são idéias concisas e precisas devidamente preservadas.

Cristo é aquele que colocou o Senhor diante de si, e todos os seus caminhos eram conhecidos pelo Senhor. Desta maneira Cristo sempre via o Pai diante dele. Ao colocar o Senhor diante de si, Cristo sabia que Deus estava à sua mão direita, e que nunca seria abalado.

"Portanto está alegre o meu coração, e se regozija a minha língua; também a minha carne repousará segura" ( Sl 16:9 );
"Por isso se alegrou o meu coração, e a minha língua exultou; E ainda a minha carne há de repousar em esperança" ( At 2:26 ).

A presença de Deus diante de Cristo era a garantia de que Ele não seria abalado; era motivo de alegria em seu coração; era motivo de confiança até nas questões além da morte, uma vez que a confiança de Cristo o fez entender que o seu corpo haveria de ser preservado.

Muitos psicólogos não entendem como Cristo manteve o raciocínio e a serenidade mesmo quando na iminência da morte. A resposta é clara: a confiança em Deus leva a alegria e regozijo!

"Porque não deixarás a minha alma no inferno, nem permitirás que teu Santo veja corrupção" (Sl 16:10);
"Pois não deixarás a minha alma no inferno, Nem permitirás que o teu Santo veja a corrupção" (At 2:27).

Cristo sabia que por confiar em Deus a sua alma não permaneceria na morte. Que a corrupção que degrada a humanidade não atingiria nem mesmo o seu corpo (Mt 26:61 - E disseram: Este disse: Eu posso derrubar o templo de Deus, e reedificá-lo em três dias.).

Apesar de ter assumido a condição de Servo, Cristo sabia da sua real condição diante de Deus: o Santo de Deus.

"Tu me fará ver a vereda da vida; na tua presença me encherás de alegria, com delícias perpétuas a tua direita" (Sl 16:11 );
"Fizeste-me conhecidos os caminhos da vida; Com a tua face me encherás de júbilo" (At 2:28 ).

A confiança em Deus faz com que os servos de Deus conheçam e trilhem a vereda da vida. É uma ação de Deus para com os seus fazer conhecido os seus caminhos. Conhecer ou ver diz da comunhão com a vida que há em Deus. Na tua presença faz entendermos que Cristo deixou este mundo para habitar o tabernáculo do Senhor (Sl 15:1 - SENHOR, quem habitará no teu tabernáculo? Quem morará no teu santo monte?).
"Cristo habitará pela eternidade à mão direita de Deus"

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