sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Amor entre Igrejas

Por que quanto mais os grupos religiosos da cristandade falam de Cristo, e do amor que Jesus ensinou que devemos ter pelo próximo, mesmo se descrente, mais eles se odeiam?
Essa é a pergunta que o mundo faz nos nestes dias, sendo esta uma premissa a que chegou, presumimos, baseado em suas próprias observações. Por “grupos religiosos da cristandade”, ele entende as instituições religiosas que se chamam cristãs, com várias denominações, às quais são afiliadas as igrejas em várias localidades.
As instituições religiosas surgiram muito cedo na era cristã, com a união de duas ou mais igrejas locais debaixo de uma cúpula, completamente estranha ao ensino e à experiência das igrejas primitivas. As mais antigas, e ainda hoje muito influentes e poderosas, são as que começaram se chamando “católicas” ou universais: a Romana, e algumas Ortodoxas, de onde saíram, durante a Reforma, muitas outras que foram se multiplicando. Do ponto de vista doutrinário, elas variam muito, desde as apóstatas que são as maiores e substituíram a Palavra de Deus por tradições e dogmas humanos, até as mais dedicadas à evangelização, ao estudo e ao ensino da Bíblia, às quais muito devemos inclusive a própria tradução e distribuição da Bíblia a preços acessíveis por todo o mundo.
As seitas começavam a aparecer já em Corinto, onde lemos que havia partidarismos dentro da igreja. Para se diferenciar, cada “cisma” ou “partido” tomava o nome de um líder: Paulo, Apolo, Céfas ou mesmo de Cristo! Embora severamente condenadas, estas facções foram permitidas para que os crentes “aprovados” pudessem ser reconhecidos (1 Coríntios 11:19).
1 Coríntios 11.19
19 E até importa que haja entre vós heresias, para que os que são sinceros se manifestem entre vós.

Em outras palavras, os sectários, tomando uma denominação para os distinguir, afastam-se dos crentes fiéis aos ensinos apostólicos, e estes podem assim ser reconhecidos. Se so bmos dos que querem estar entre os “aprovados”, este é um dos melhores argumentos a favor de não assumirmos outro nome senão o que originalmente nos foi dado: cristão. Outra característica das seitas é o exclusivismo: só estendem a comunhão aos seus membros e aos que pensam ou se reúnem exatamente como elas. Lamentavelmente, isto acontece também entre algumas igrejas evangélicas, denominacionais ou não, tornando-se fáceis presas dos Diótrefes entre seus membros (3 João 9,10).
3 João 1.9-10
9 Tenho escrito à igreja; mas Diótrefes, que procura ter entre eles o primado, não nos recebe.
10 Por isso, se eu for, trarei à memória as obras que ele faz, proferindo contra nós palavras maliciosas; e, não contente com isto, não recebe os irmãos, e impede os que querem recebê-los, e os lança fora da igreja.

Tanto as instituições religiosas como as seitas (que também acabam se institucionalizando), caracterizam-se por ter “regras de fé” próprias, firmando suas doutrinas e práticas que devem ser observadas pelas igrejas a elas submissas. É praticamente impossível resumir todos os ensinamentos da Bíblia em umas tantas “regras de fé”, portanto o que se nota é um destaque daqueles pontos que as caracterizam e as diferenciam entre si. Além do “choque de personalidade” entre os seus líderes, essas “regras de fé” são, provavelmente, a origem da maioria das discórdias, dissenções, inimizades e iras.
A virtude cristã traduzida como amor em nosso idioma não é a mesma afeição natural também chamada amor: é de origem divina e é fruto do Espírito Santo naquele que crê e recebe a Cristo como seu Senhor e Salvador pessoal. No original grego a distinção é clara pois são palavras diferentes. Para a virtude cristã a palavra grega é agapao usada para:
• Descrever a atitude de Deus para com o Seu Filho (João 17:26),
João 17.26
26 E eu lhes fiz conhecer o teu nome, e lho farei conhecer mais, para que o amor com que me tens amado esteja neles, e eu neles esteja.

para com a humanidade em geral (João 3:16, Romanos 5:8),
João 3.16
16 Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
Romanos 5.8
8 Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.


e para com os que crêem no Senhor Jesus Cristo em particular (João 14:21).


João 14.21
21 Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele.
• Indicar a Sua vontade aos Seus filhos com respeito às suas atitudes uns para com os outros (João 13:34),
João 13.34
34 Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis.

e para com todas as pessoas (1 Tessalonicenses 3:12; 1 Coríntios 16:14; 2 Pedro 1:7).
1 Tessalonicenses 3.12
12 E o Senhor vos aumente, e faça crescer em amor uns para com os outros, e para com todos, como também o fazemos para convosco;
1 Coríntios 16.14
14 Todas as vossas coisas sejam feitas com amor.
2 Pedro 1.7
7 E à piedade o amor fraternal, e ao amor fraternal a caridade.

•Expressar a natureza essencial de Deus (1 João 4:8).
1 João 4.8
8 Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor.

Só podemos compreender a virtude cristã pelos seus efeitos, ou seja:
•o amor de Deus para com a humanidade se revelou pelo dom do Seu Filho (1 João 4:9,10).
1 João 4.9-10
9 Nisto se manifesta o amor de Deus para conosco: que Deus enviou seu Filho unigênito ao mundo, para que por ele vivamos.
10 Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados.
Obviamente não é o amor de complacência, ou afeição, pois não foi motivado pelos
méritos daqueles a quem é dirigido (Romanos 5:8);
Romanos 5.8
8 Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.
•ela se expressou entre os homens mediante a pessoa do Senhor Jesus Cristo (2 Coríntios 5:14; Efésios 2:4; 3:19; 5:2);
2 Coríntios 5.14
14 Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo todos morreram.
Efésios 2.4
4 Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou,
Efésios 3.19
19 E conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus.
Efésios 5.2
2 E andai em amor, como também Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave.
•ela se expressa no cristão como fruto do Seu Espírito (Gálatas 5:22):
Gálatas 5.22
22 Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.
tem Deus como primeiro objeto, expressando-se em primeiro lugar pela implícita obediência aos mandamentos de Seu Filho, que são desde o princípio, ou seja, que andemos nesse amor (João 14:15, 21, 23; 15:10; 1 João 2:3-6; 5:3; 2 João 1:6).
João 14.15, 21, 23
15 Se me amais, guardai os meus mandamentos.
21 Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele.
23 Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada.

João 15.10
10 Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor.
1 João 2.3-6
3 E nisto sabemos que o conhecemos: se guardarmos os seus mandamentos.
4 Aquele que diz: Eu conheço-o, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade.
5 Mas qualquer que guarda a sua palavra, o amor de Deus está nele verdadeiramente aperfeiçoado; nisto conhecemos que estamos nele.
6 Aquele que diz que está nele, também deve andar como ele andou.
1 João 5.3
3 Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos; e os seus mandamentos não são pesados.
2 João 1.6
6 E o amor é este: que andemos segundo os seus mandamentos. Este é o mandamento, como já desde o princípio ouvistes, que andeis nele.


O egoísmo é a negação da virtude cristã. O amor cristão, seja dirigido aos irmãos ou às pessoas em geral, não é impulsionado por sentimentos, nem sempre acompanha as inclinações naturais, nem se limita às pessoas com quem se descobre alguma afinidade. Ele procura o bem de todos (Romanos 15:2),

Romanos 15.2
2 Portanto cada um de nós agrade ao seu próximo no que é bom para edificação.

e não faz o mal a ninguém (Romanos 13:8-10);

Romanos 13.8-10
8 A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei.
9 Com efeito: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não darás falso testemunho, não cobiçarás; e se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.
10 O amor não faz mal ao próximo. De sorte que o cumprimento da lei é o amor.


ele procura oportunidades para fazer “o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé” (Gálatas 6:10).

Gálatas 6:10
10 Então, enquanto temos tempo, façamos bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé.


Em suma: resultando da espontânea vontade divina, tendo como única causa o Seu interesse no bem-estar da humanidade totalmente sem merecimento, o amor de Deus produz e dá crescimento a um amor reverente por parte das pessoas para com Ele, e um amor prático para com outros que são co-participantes desse amor divino (não só os que pertencem à sua própria igreja local), e um desejo de ajudar os demais a encontrarem a Deus.

Voltando às instituições ditas cristãs, como é sabido que o amor é a essência da fé cristã, elas não podem deixar de pregar o amor ao próximo. Mas, como também pode acontecer dentro das igrejas independentes, nem todos os que ali se agregam nasceram de novo pelo Espírito, e portanto não participam do amor de Deus. Logo, não conhecem o amor de Deus, apenas o amor humano com todas as suas falhas.

A Bíblia ensina:
“... as obras da carne são conhecidas e são: ... idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas ... e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam” (Gálatas 5:19-21).


O ímpio, que vive ainda no pecado, pode se associar a uma igreja local, a uma instituição que se chama cristã, mesmo assumir uma posição destacada dentro dela, e falar muito sobre o amor que ele conhece mas sem ter experiência nem condições para praticar o amor divino. Isso vai se revelar pelas obras da carne e pela ausência do “amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio” que são o fruto do Espírito (Gálatas 5:22,23).

Gálatas 5.22-23
22 Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.
23 Contra estas coisas não há lei.


Não nos devemos surpreender com isto. Nos primórdios da igreja, o apóstolo Paulo disse que temia ir à igreja de Corinto e não encontrá-la da forma em que a queria, e que houvesse lá dentro “contendas, invejas, iras, porfias, detrações, intrigas, orgulho e tumultos” e recomendou “examinai-vos a vós mesmos se realmente estais na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não reconheceis que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados” (2 Coríntios 12:20, 13:5).

O amor divino gerado em nós resulta do amor que temos por Cristo:
“Isto vos mando: que vos ameis uns aos outros” (João 15:17).

Como todo o dom espiritual, precisa ser praticado, e temos várias exortações para fazê-lo. A carne, que milita em nós contra o Espírito, procura intervir com argumentos como: diferença de opinião sobre doutrinas e práticas que não estão explícitas na Bíblia, ser de outra congregação, atitudes que não aprovamos, etc. Devemos combater essas tentações da carne, praticando o dom do amor provindo da parte de Deus.


EXAMINAI-VOS A VÓS MESMOS SE REALMENTE ESTAIS NA FÉ

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